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Águas

     A Importância do Tratamento de Água e Efluentes no Brasil

        O tratamento de água e efluentes é uma questão de extrema importância para a saúde pública, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. No Brasil, essa realidade se torna ainda mais crítica devido à vasta extensão territorial, à diversidade de biomas e às desigualdades socioeconômicas que impactam o acesso a saneamento básico de qualidade. A necessidade de tratar adequadamente a água e os efluentes é não apenas uma questão de preservação ambiental, mas também um desafio para garantir saúde e bem-estar às populações urbanas e rurais.

      O Cenário Atual do Saneamento no Brasil

        De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2020, apenas 84,1% da população brasileira tinha acesso à água potável, enquanto 50,8% estavam conectados a redes de coleta de esgoto. Ainda mais preocupante é o fato de que somente 45,9% do esgoto coletado no país passa por tratamento. Esses números refletem um sério problema de infraestrutura, que impacta diretamente a saúde da população e o meio ambiente.

        A falta de tratamento adequado de água e esgoto contribui para a proliferação de doenças como a dengue, a cólera e a leptospirose, todas relacionadas à má qualidade da água e à presença de efluentes sem tratamento adequado. Segundo dados do Instituto Trata Brasil, cerca de 273 mil internações hospitalares anuais estão diretamente relacionadas a doenças de veiculação hídrica, com maior incidência nas regiões Norte e Nordeste, onde o acesso ao saneamento básico é mais precário.

      Impactos Ambientais e Econômicos

        Além dos graves impactos à saúde, a falta de tratamento de efluentes acarreta sérias consequências ambientais. O lançamento de esgoto não tratado em rios, lagos e no oceano contribui para a poluição dos corpos hídricos, levando à degradação dos ecossistemas aquáticos. A contaminação por metais pesados, micro-organismos patogênicos e nutrientes como nitrogênio e fósforo provoca eutrofização, redução da biodiversidade e comprometimento das fontes de água para consumo humano.

        O impacto econômico dessa negligência também é significativo. Estudos do Instituto Trata Brasil apontam que a falta de investimento em saneamento básico gera prejuízos na ordem de R$ 100 bilhões ao ano para o país, considerando gastos com saúde, perda de produtividade e desvalorização imobiliária em áreas sem acesso a saneamento adequado. Em contrapartida, a cada R$ 1,00 investido em saneamento, economiza-se R$ 4,00 em despesas de saúde, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

      Desafios e Soluções

        Embora o novo marco legal do saneamento, sancionado em 2020, tenha trazido avanços significativos ao estabelecer metas ambiciosas, como garantir 99% de cobertura de água potável e 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2033, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios para alcançar esses objetivos. A necessidade de modernizar a infraestrutura, ampliar o acesso ao tratamento de efluentes e promover a conscientização sobre o uso racional da água são fundamentais para reverter o cenário atual.

        Além disso, é essencial o engajamento do setor privado e o aumento dos investimentos em tecnologias sustentáveis, como a utilização de sistemas de tratamento biológico e o reaproveitamento de água para fins industriais e agrícolas. Essas medidas não só ajudam a reduzir o impacto ambiental, como também contribuem para o uso mais eficiente dos recursos hídricos, especialmente em regiões onde a escassez de água já é uma realidade.

      Conclusão

        O tratamento de água e efluentes no Brasil é uma questão de saúde pública, preservação ambiental e desenvolvimento econômico. A universalização do acesso a esses serviços é imprescindível para garantir a qualidade de vida da população e proteger os recursos naturais do país. Embora avanços tenham sido feitos nos últimos anos, é necessário acelerar o ritmo de investimentos e adoção de tecnologias inovadoras para alcançar as metas propostas e assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações.

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